terça-feira, 30 de abril de 2019

Tunísia

"Como pode um país tão lindo e tão barato ainda não ter sido descoberto pelos brasileiros?", perguntou na fila da imigração em Roma o único brasileiro que encontramos na Tunísia, ao desembarcarmos do voo de uma hora que nos trouxe de Túnis.


Verdade. A Tunísia dos portões, que deflagrou a Primavera Árabe em 2010, permanece desconhecida dos brasileiros a ponto de eu ter tido enorme dificuldade pra planejar a viagem, por falta de material disponível na internet. A maior parte das escassas informações vinha de blogueiros portugueses e espanhóis. Cheguei a achar que se tratasse de um lugar perigoso, mas o fato é que o tempo todo eu me senti mais segura na Tunísia do que no Rio de Janeiro, onde moro.

catedral de Túnis



Avenida Habib Bourguiba, a principal da capital. Ou a Champs-Élysées tunisiana, como é conhecida

Caminhando pela Habib Bourguiba chegamos à medina (cidade antiga composta por um labirinto de vielas), onde se vende de tudo, desde ouro até animais vivos (vi minitartarugas e lagartos). Também vi escorpiões mortos à venda, para decoração(!)

O espaço urbano é muito masculino nos países árabes. Vemos homens de mãos dadas, homens abraçados e trocando carinhos. Eles se cumprimentam com 3 ou mais beijos no rosto. Nos cafés, a frequência é predominantemente masculina. 

E olha que a Tunísia é referência em direitos femininos: ainda nos anos 60, foi o primeiro país africano a legalizar o aborto até 12 semanas de gravidez. Também há leis que protegem as mulheres contra violência doméstica. 



Na medina há vários terraços, de onde é possível avistar a mesquita Zitouna e seu minarete quadrangular, típico do norte da África



Ao contrário de outros países muçulmanos, na Tunísia as mesquitas são reservadas para quem vai rezar. O mais perto que conseguimos chegar foi na entrada do pátio, e mesmo assim fui obrigada a cobrir a cabeça com um lenço



A menos de meia hora de trem de Túnis fica a arrebatadora Sidi Bou Said. A estação deste trem (Tunis marine) é bem central, próxima à avenida Habib Bourguiba, e a viagem dura menos de meia hora. O melhor é o preço, o equivalente a pouco mais de um real, já que o transporte público é subsidiado pelo governo. 

A cidadezinha lembra muito a Grécia







No segundo dia fomos fazer um passeio de dia inteiro com o guia Khaled Kamel, que me foi indicado aqui no Brasil por uma brasileira apaixonada pela Tunísia. Passamos no Hotel Four Seasons para pegar alguns hóspedes que também iam conosco.

A primeira parada foi no Museu do Bardo, com seu incrível acervo de mosaicos romanos


Depois de visitar o museu almoçamos e fomos ao sítio arqueológico de Dougga





  

No terceiro dia o destino escolhido foi a cidade de Hammamet, aonde chegamos de ônibus em uma hora. O ônibus sai do centro de Túnis (estação Bab Alioua) de hora em hora, é confortável e a passagem custa o equivalente a 5 reais. 







A parte nova se chama Yasmine Hammamet e é cheia de resorts, restaurantes e parques temáticos

Havia gente surfando

No nosso quarto e último dia na Tunísia pegamos novamente o trem Tunis marine e saltamos na estação Carthage-Hannibal para ver as ruínas de Cartago, que fica a uns 20 minutos de Túnis. 

Há muito o que ver aqui. Mosaicos romanos, sítios arqueológicos, é preciso ir sabendo o que prefere, para não se perder. Em Cartago ficam as representações diplomáticas e o palácio presidencial, então são muitas mansões, muitos carrões, muitos seguranças pelas ruas. 

Por falar em segurança, até para entrar em shoppings éramos revistados. Até para entrar no hotel. Todos os policiais, no entanto, são extremamente educados. Alguns falam francês e até inglês, mas, se não falarem, logo chamam um colega para se comunicar com você.

O sítio arqueológico que escolhemos para visitar, as Termas de Antonino



De volta a Túnis, visitamos esse simpático café dentre os muitos que existem na cidade. Quase não se veem mulheres locais nos cafés, que vivem apinhados de homens e são frequentados por alguns turistas.

Por um chá de menta, um suco e uma sessão de narguilé (shisha) pagamos o equivalente a 18 reais

Voltamos apaixonados pelo suco de morango, que não precisa de açúcar e é divino. Ou pelos crepes, que comíamos à noite no Le Grand Cafe du Theatre, pagando o equivalente a 8 reais por um crepe de peito de peru (não há presunto nem nenhum tipo de derivado de porco), queijo e champignon com salada. Perto dali, pelo equivalente a menos de 15 reais é possível almoçar com entrada, prato principal, bebida e sobremesa. Mais barato que o "a quilo" ao lado do meu trabalho em Madureira! 

No café da manhã do hotel Carlton, onde nos hospedamos, sempre tinha sucos de laranja e morango, ovos mexidos, pães, um tipo de frio (nunca de porco), um queijo ocidental (brie ou queijo tipo prato), queijos brancos locais à base de leite de cabra, doces árabes e um prato típico como ojja (feito com linguiça de cordeiro), sempre com a opção de harissa, pasta de pimenta vermelha. 

O vinho que vimos com mais frequência (e experimentamos e era bem bom) foi o Magon (menos de 20 reais meia garrafa no Café de Paris. No Monoprix que ficava atrás do hotel descobrimos uns refrigerantes muito bons, o mais popular é o Boga. Provamos os sabores limão e cidra, este último uma imitação de coca-cola bastante superior à versão original. Garrafa grande de refrigerante custava o equivalente a uns 3 reais. Garrafa de um litro e meio de água mineral custava menos de um real. Os euros que trocamos na chegada renderam, renderam e nunca acabaram. Antes de sair de Túnis trocamos de volta os dinares tunisianos em euros. 

Chocólatras que somos, descobrimos com surpresa que a Tunísia fabrica vários chocolates. Nossas marcas preferidas foram Maestro e Said (parece que são do mesmo fabricante). No supermercado Monoprix a variedade de sabores e embalagens de chocolates parece infinita. Os preços vão desde o equivalente a menos de um real até uns 6 ou 7 (caixas de bombons).  

O povo é amável e acolhedor, do tipo que puxa conversa e faz amizade fácil, no trem, na rua, nas lojas. No entanto, muita coisa precisa melhorar para que a Tunísia se firme como um grande destino turístico: o caos na saída do aeroporto (assim como em Istambul, em Túnis você chega no aeroporto e passa logo pelo raio-X), que gera filas imensas. Motoristas de táxi 171, veículos caindo aos pedaços. Falta de ar condicionado em alguns ambientes (visitamos na primavera e, durante o dia, fazia muito calor, embora à noite eu sempre usasse casaco). Falta de mapas e orientação a turistas, falta de aviso de que o Museu de Cartago estava fechado (fomos até lá à toa, poderiam ter nos dito antes que está fechado para reforma). Falta de papel higiênico nos banheiros (até em alguns restaurantes e museus). Parecem coisas pequenas, mas não dizem que "Deus mora nos detalhes"? 

terça-feira, 12 de julho de 2016

Verona e Veneza

O primeiro contratempo da viagem aconteceu no caminho para Verona, quando não conseguimos descer do trem. A porta do nosso vagão não abria e, depois de algumas tentativas, decidimos correr até o vagão seguinte, empurrando cinco malas pelo estreito corredor. Tão logo chegamos, o trem travou as portas e voltou a andar... ficamos em dúvida se valeria a pena saltar na estação seguinte de Vicenza e voltar para Verona, ou se era melhor seguir direto para Veneza.

Acabamos escolhendo voltar para Verona - e sim, valeu muito a pena.





casa de Julieta





















depois da bela Verona, um trem nos leva a Veneza





ah, os muranos...



as máscaras







ponte dos Suspiros











Veneza é cheia de baccari, locais simples (lembram os nossos botecos) onde se comem petiscos variados (que em geral ficam expostos numa vitrine) e se bebe muito bem - por preços relativamente em conta. Além dos vinhos, os drinques típicos são o Spritz (espumante com suco de laranja) e o Bellini (espumante com suco de pêssego).



ponte do Rialto